As Cinco Coroas
Nós sabemos, pela Palavra de Deus, que depois
que o cristão for arrebatado, ele será trazido à presença de Cristo, o qual
estará assentado no Seu Tribunal, conhecido como “Berna” ( no grego), para ser
examinado e recompensado, de acordo com suas obras. Este não é um tribunal como
o Tribunal de Pilatos, mas é semelhante à junta examinadora nos Jogos Olímpicos
Gregos, ao qual o vencedor vinha para receber o seu prêmio.
Os galardões (prêmios) que serão dados no
Tribunal de Cristo são chamados de “coroas.” A significância do termo reside no
fato de que coroas são símbolos de realeza, e os santos vão reinar com Cristo. “Não sabeis vós que os santos hão de
julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura
indignos de julgar as coisas mínimas?” (I Co 6:2). “Bem-aventurado e santo
aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a
segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil
anos” (Ap 20:6). As posições de honra para os crentes no reino vindouro
serão determinadas pela fidelidade, consagração e comunhão com Ele e devoção a
Seu serviço, que demonstram na sua vida aqui na terra.
Em
Romanos 8:17, uma distinção é feita entre a nossa herança
como filhos de Deus e a nossa posição de co-herdeiros com Cristo. “E se nós somos filhos, somos logo também
herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com Ele
padecemos, para que também com Ele sejamos glorificados.”
Ser um herdeiro de Deus é herdar as coisas
que Ele preparou para nós, tais como nosso lar celestial e Sua glória. Nós seremos
co-herdeiros com Cristo, se sofremos com Ele. Ele recebeu uma recompensa
especial por Seu sofrimento e estará assentado no Seu trono reinando por mil
anos aqui na terra. Nós teremos o privilégio de compartilhar este trono e de
reinar com Ele se sofrermos com Ele.
Este sofrimento nem sempre significa
sofrimento físico. Pode ser “opróbrio” por causa de Cristo, como o escritor de
Hebreus expressa (Heb 13:12- 14). Certo dia, os doze discípulos vieram a Jesus
e perguntaram qual seria a sua recompensa por terem deixado tudo e O seguido.
Ele lhes disse que se sentariam em doze tronos e julgariam as doze tribos de
Israel. Mais tarde, dois dos discípulos vieram a Jesus e pediram se um podia
sentar-se à Sua direita e o outro à Sua esquerda. A este pedido o nosso Senhor
respondeu que não lhes poderia dar tais posições pois estas seriam concedidas
por Deus o Pai.
É isto o que ensina a passagem de Mateus 10:32-33: “Portanto, qualquer que me
confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.
Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu
Pai, que está nos céus.”
Quando chegarmos diante do Tribunal de
Cristo, seremos declarados dignos ou indignos. Se O tivermos negado diante dos
homens Ele terá que nos negar diante do Pai Celestial dizendo: “Este homem não
é digno de sentar-se Comigo no trono.” Se O tivermos confessado diante dos
homens, Ele recomendará ao Pai que nos assentemos com Ele no Seu trono. Paulo
entendeu tudo isto claramente, pois muitas vezes falou da glória vindoura. Em
certa passagem ele disse que o sofrimento deste tempo presente não se compara à
glória que está porvir. Ele até esqueceu de tudo que tinha ficado para trás a
fim de prosseguir em direção ao alvo pelo prêmio da sublime vocação de Deus em
Cristo Jesus. Ele entendeu claramente que uma recompensa o esperava.
A)
A Coroa da Vida
Esta coroa é mencionada duas vezes nas
Escrituras. É chamada freqüentemente a “coroa de mártir”, a coroa que será dada
pela fidelidade até a morte.
“Bem-aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado,
receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam” (Tg
1:12).
“Nada
temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na
prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sé fiel
até à morte e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2:10). As pessoas freqüentemente se referem erroneamente à
coroa da vida como “vida eterna.” Devemos nos lembrar que a vida eterna não é
uma coroa. É o próprio Cristo vivendo em nós. A coroa da vida, por outro lado,
é uma recompensa especial, possivelmente uma posição de honra no governo de
Cristo durante o milênio.
B)
A Coroa Incorruptível
Esta coroa é mencionada em I Coríntios
9:25-27. O contexto mostra que Paulo está falando de serviço e recompensas. Ele
está nos contando o que fez por amor ao evangelho, para ganhar pessoas para
Cristo. “Não sabeis vós que os que
correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi
de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles
o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível” (I
Co 9:24-25).
Participar de uma corrida e esforçar-se muito
para vencer não são figuras da salvação. A salvação é o maior dom de Deus e não
pode ser ganha nem comprada. Nos dias de Paulo, os cidadãos gregos nascidos
livres eram os únicos que tinham permissão para competir nos jogos. Pelas
coroas celestias somente os nascidos de novo podem concorrer. A salvação é o
ponto de partida, não o objetivo. Nós não fazemos esforço para ganhar a
salvação. Nós ganhamos a salvação pela fé e depois trabalhamos para ganhar as
coroas. A salvação é a entrada para a arena e não o prêmio no fim da corrida.
Nos jogos da Grécia antiga, aquele que
alcançava o objetivo primeiro era o único que ganhava a coroa, mas na corrida
celestial não há competição. Ninguém concorre com o companheiro, a única
condição é observar as regras do jogo: “Pois
eu assim corro, não como sem meta; assim combato, não como batendo no ar. Antes
subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu
mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (I Co 9:26-27).
Paulo conhecia as regras da corrida. A coroa
incorruptível, portanto, é vista como uma recompensa para uma vida vitoriosa. É
para o cristão que carrega no seu corpo as marcas do Senhor Jesus, para que a
vida de Jesus possa se manifestar. É para aquele que triunfa sobre a carne pelo
poder da nova vida que recebeu quando nasceu pela segunda vez.
Era pensando no Tribunal de Cristo e nas
coroas a serem conquistadas que Paulo dizia manter seu corpo sob disciplina e
sem dar lugar para a carne e suas concupiscências. Ele viu a possibilidade de
que, depois de ter pregado aos outros e de dizer-lhes como se tornarem filhos
de Deus e como viver a vida cristã, ele mesmo viesse a ser reprovado (isto é,
que as recompensas designadas a ele lhe fossem negadas).
Vale a pena lutar por esta coroa Não é de se
maravilhar que ele tenha escrito: “Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, e
justa, e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes” (I Ts
2:10).
C)
A Coroa de Alegria
Esta é a recompensa para o ganhador de almas.
As pessoas que levamos ao Senhor Jesus Cristo serão nossa coroa de alegria na
Sua vinda. Qualquer pessoa que tenha conhecido a alegria de levar uma outra
pessoa a Cristo pode bem entender o nome desta recompensa, pois sabe que não há
alegria comparável àquela que surge ao saber que foi usada pelo Senhor para
levar uma alma a Ele.
“Porque,
qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura não o sois
vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua vinda?” (I Ts 2:19).
“Portanto, meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai
assim firmes no Senhor, amados” (Fp 4:1).
Que incentivo este para um ganhador de almas! Que alegria será ver uma grande
multidão de almas andando nas ruas da glória, conduzidas ao conhecimento da
salvação como resultado de nossos esforços por Ele! Porém, receio que muitos
cristãos irão perder esta recompensa, pois muito poucos estão ocupados em
ganhar almas.
D)
A Coroa de Glória
“Aos presbíteros que estão entre vós,
admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de
Cristo, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele,
não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo
pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo
ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa
de glória” (IPe 5:1-4).
Esta é a recompensa de Cristo para quem
alimenta o rebanho: a recompensa do Sumo Pastor para todos os fiéis pastores
subordinados. Esta coroa de glória também é subentendida em Lucas 10:35: “E, partindo ao outro dia,
tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse- lhe: Cuida dele; e tudo
o que de mais gastardes eu to pagarei quando voltar.”
As almas estão confiadas ao nosso cuidado.
Espera-se que cuidemos e alimentemos estas almas, não com a filosofia do homem
mas com alimento celestial, a Palavra de Deus. Que oportunidade para os
pastores ganharem um ótima recompensa; porém este privilégio é freqüentemente
substituído por uma recompensa que pode ser vista nesta vida presente. Muitos
pastores selam suas bocas por causa de uma recompensa terrena de um grande
salário. Que recompensa celestial poderia ter sido deles!
E)
A Coroa da Justiça
“Porque
eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha
partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz,
me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a
sua vinda” (II Tm 4:6-8).
Isto não deve ser confundido com o dom da
justiça pela salvação mencionado em Romanos 3:21-23. Esta coroa é para quem
mostrar uma verdadeira alegria diante da volta do Senhor Jesus Cristo através
de viver uma vida justa. “E qualquer que
nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (I Jo
3:3). Não é normal que um cristão que conheça o significado da “bendita
esperança” ame a vinda de Cristo?
A noiva não espera com terno anseio a vinda
do noivo, guardando-se somente para ele? Ela não se ocupa, preparando-se para o
dia do casamento? A coroa de justiça será dada àqueles que, em esperança,
alegria e antecipação à segunda vinda de Cristo, purificarem a si mesmos e
estiverem prontos para a Sua vinda.
Uma das maneiras em que o crente se prepara é
ser ativo em ganhar almas. Além disso, purifica a sua própria vida e vive retamente
diante do Senhor.
Ai de nós, pois há muitos que não amam a Sua
volta! Alguns até zombam disso, como as Escrituras dizem em II Pe 3:3-4. Ao
contrário destes, vamos amar a Sua vinda e demonstrar em nossa experiência
diária o poder dessa esperança gloriosa. Sua promessa é: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada
um segundo a sua obra” (Ap 22:12).
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